CONTENTAMENTOS

Contentamentos! Sim! Sem maus ventos!

Sem tempos, nem tormentos!...

Neste meu pintar, de quadro.

Neste meu escrever, no quarto. 

Assim pinto e escrevo, a minha alma!

Sem, que mal me faça perder, a calma.

Pinto dor!... Amor!... Verdade!... Lealdade!...

Caridade, sem idade!

Pinto... Com palavras e não com pincéis.

Nem tão pouco, nos dedos uso anéis!...

E pinto uma pintura de escrita, à tarde!...

Que vai ficar, para sempre pintado...

No tempo e no não tempo.

Não será, pois apagado.

Este meu quadro, lindo, sem idade!...

Ele fica fora, também do tempo...

Para meu, vosso, contentamento!

Sim! Povo do tempo e do amar...

Povo dos séculos e não séculos;

Povo dos milénios e fora d'eles.

Povo! E Deus dos tempos e sem ventos...

Assim pinto, meus e vossos contentamentos!...

 

 

 

 

O CARNEIRO

 

 

 Meu pai e minha mãe!

Porque me marra o carneiro?

Porque deixais! E não pondes a mão?

Não seja, pois ele o primeiro!

Porque eu tenho valor...

Pois mãe ! Eu nasci da tua dor!

Filhos de Jacó! Não deixeis, pois ele,

Me matar... Como, matou aquele...

Sim! O tal, para sempre, vosso «cordeiro».

Dai-me a mão! Meus irmãos!

Porque , o carneiro me marra!...

E não pára!... Não pára! Não!

Sim! Ajudai-me, vós filhos de Jacó!

Vinde a mim! Pois estou só!

E tu também, Portugal! 

E Monchique! Onde nasci, um dia, afinal!...


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